O caso da galinha preta
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Era uma terça-feira. Meus instintos diziam que aquele seria um dia de revelações bombásticas. Ele me dizia também que se eu dormisse mais um pouco, me atrasaria para o serviço. Mas não custaria nada dormir mais cinco minutos; e foi o que fiz. Só não sabia que esses cinco minutos se transformariam em vinte. Aos berros – algo como “Acorda seu irresponsável!” – fui acordado por meu pai. Já se passava das 6h40 e atrasos não são toleráveis quando se recebe um salário mínimo. Tomei um banho de quinze minutos. Creio que dez deles foram para levantar o braço e pegar o xampu, que fica próximo à janela do banheiro; os outros cinco minutos foram necessários para que eu percebesse que não conseguiria me ensaboar e o único jeito era sair dali. Aos trancos e barrancos, ingeri aquilo que chamo de café da manhã – umas bolinhas marrons, mais conhecidos como cereais. Já se passava das 7h10. Sai correndo feito um louco, porque o fretado passa pontualmente às 7h15. Os cachorros me fizeram companhia, com dentes à mostra, até o ponto de ônibus.